Conteúdos inéditos, jogos interativos e muitas filas: um passeio pela CCXP, maior evento de cultura pop do planeta

10.12.2019 | 12h30 - Atualizada em: 10.12.2019 | 12h55
Marina Martini Lopes
Por Marina Martini Lopes
Editora
"Mulher-Maravilha 1984", "Frozen 2" e "Watchmen" em destaque nos estandes da Warner, Disney e HBO

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A convenção reuniu cerca de 280 mil pessoas em São Paulo (SP) entre quinta-feira (5) e domingo (8)

Quem vai todos os anos à CCXP - ou Comic Con Experience -, edição brasileira do maior evento de cultura pop do mundo, já aprendeu alguns truques. O primeiro deles: quinta e sexta-feira, os primeiros dias da convenção, são aqueles em que se deve tentar visitar o maior número possível de estandes. Isso porque, por mais cheio que o São Paulo Expo, centro de eventos em São Paulo (SP) que abriga a feira, possa parecer nesses dois dias, o movimento nem se compara a como a coisa vai ser no sábado e no domingo.

Neste ano, somando os quatro dias de evento, nada menos que 280 mil pessoas visitaram o evento. Uma média de 70 mil pessoas disputando, diariamente, espaço nos estandes, nos auditórios, na praça de alimentação, até mesmo nos banheiros. Haja paciência para encarar as filas.

Mas vale a pena: os expositores - marcas que vão de grandes estúdios cinematográficos a fabricantes locais de camisetas e canecas com temática nerd - capricham para tornar seus estandes os mais bonitos, "instagramáveis" e interativos possível. Bem no centro do pavilhão, chamavam a atenção os estandes da Netflix, Amazon Prime Video, HBO e Globoplay - vizinhos, praticamente; protagonizando a guerra das plataformas de streaming pela atenção do público.

"American Gods" e "El Camino" nos estandes da Amazon Prime Video e NetflixFoto: Marina Martini Lopes

A Netflix investiu pesado em El Camino, filme derivado de Breaking Bad que estreou neste ano, e na própria série que o inspirou: os visitantes podiam circular por um espaço com cômodos que narravam a história do personagem Jesse Pinkman, passando pela sala de sua casa, o cativeiro no qual ele fica preso durante a quinta temporada do seriado e nos flashbacks do longa, o laboratório de fabricação de metanfetanima. De Black Mirror, o serviço de streaming trouxe objetos que foram realmente usados nas gravações de diversos episódios; além de jogos ligados a capítulos como Fifteen Million Merits, Hang the DJ (nesse, como na série, era possível "descobrir" quanto tempo vai durar sua relação amorosa ou de amizade com alguém) e Bandersnatch (onde era possível jogar o game Nohzdyve, com direito a joystick e tudo).

A Amazon Prime Video trouxe um carrossel (de verdade!) inspirado em American Gods, e também dava aos visitantes a chance de fazer uma foto com as asas de fada de Carnival Row. A HBO divulgou Watchmen, His Dark Materials e Westworld, com exposição de figurinos realmente usados pelos atores nas gravações. A Globoplay não ficou atrás das "parentes" gringas, e montou um estande enorme, focando a divulgação na série sobrenatural Desalma, que estreia em março de 2020. A plataforma de streaming da Globo também tinha um "mini-auditório"; em que levou convidados para contarem novidades ao público - como a adaptação para o formato de série do podcast O Caso Evandro, sobre o assassinato real do menino Evandro Ramos Caetano, no Paraná, na década de 1990.

Outra gigante presente era a Disney - e todas as empresas que agora fazem parte da companhia: um escorregador e cenários para fotos divulgavam Frozen 2; e outras animações em destaque eram Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica, da Pixar (com Tom Holland e Chris Pratt no time de dubladores), e Um Espião Animal, da Fox (com Will Smith e, mais uma vez, Tom Holland). Viúva Negra, da Marvel, e Star Wars - A Ascensão Skywalker fechavam o setor live-action da empresa: na parte dedicada à imortal saga da Lucasfilm, os fãs podiam receber um "treinamento Jedi" e aprender a lutar com sabres de luz.

"Bandersnatch" e "Aves de Rapina", nos estandes da Netflix e WarnerFoto: Marina Martini Lopes

A Warner não ficou atrás: divulgando os filmes Aves de Rapina e Mulher-Maravilha 1984, a empresa dava brindes e tinha jogos divertidos - como o "Laço da Verdade", em que os fãs encaravam um detector de mentiras enquanto respondiam a perguntas ardilosas feitas por um entrevistador. Para os fãs de Harry Potter, além da loja licenciada (com produtos incríveis, mas preços salgadíssimos), havia uma réplica perfeita do Expresso de Hogwarts, que virou cenário de fotos para os cosplayers. Potterheads também babaram nas representações em tamanho real de Harry e Voldemort no duelo de Harry Potter e o Cálice de Fogo, assinadas pelo Iron Studios, especialista em action figures e colecionáveis: o estande da companhia contava também com uma versão enorme de Thanos, o vilão da Marvel.

No sábado e no domingo, a estratégia se inverte: para fugir da bagunça e aproveitar a CCXP com mais tranquilidade, o jeito é encarar uma fila só; a maior de todas - a que dá acesso ao auditório onde acontecem os famosos painéis, com presença de convidados nacionais e internacionais, divulgação de materiais inéditos e anúncios exclusivos. Só três mil pessoas por vez cabem no auditório, então é fácil imaginar como as vagas são concorridas. Para os painéis de sábado, os mais badalados, já havia gente fazendo fila desde quinta-feira. No meu caso, foram "só" dez horas de fila, em plena madrugada. Mas consegui a disputada pulseira que dava acesso ao lugar.

A Disney Company dominou os painéis do dia - primeiro, com o Walt Disney Studios, que apresentou Frozen 2 na íntegra: o filme, que já estreou nos Estados Unidos, só chega ao Brasil no dia 2 de janeiro. Visualmente impressionante, o longa é possivelmente um dos mais lindos - esteticamente falando - que o estúdio já fez; e contou com a presença do diretor Chris Buck para comentar sobre o making of e o sucesso da franquia. O roteirista e diretor Dan Scanlon falou sobre Dois Irmãos - Uma Jornada Fantástica; e apresentou três diferentes cenas da animação, a próxima da Pixar. Outro filme animado divulgado foi Um Espião Animal, da Fox, que também teve trechos divulgados - os dois longas pareceram agradar bastante o público presente.

"Westworld" no estande da HBO, e um Thanos gigante no estande do Iron StudiosFoto: Marina Martini Lopes

Sob aplausos entusiasmadíssimos, os atores Ryan Reynolds (famoso por Deadpool) e Joe Keery (de Stranger Things) e o diretor Shawn Levy vieram divulgar Free Guy, filme sobre um ingênuo funcionário de banco que, um dia, descobre ser um personagem não-jogável de um violento videogame - o longa ganhou seu primeiro trailer em plena CCXP. Pela primeira vez, o evento recebeu um painel também sobre os Disney Parks; mais especificamente, sobre Galaxy's Edge, a área temática de Star Wars recém-inaugurada nos parques Disneyland, na Califórnia, e Hollywood Studios, na Flórida. Star Wars retornou também no último painel do dia, com a presença do diretor J.J. Abrams e dos atores Daisy Ridley, Oscar Isaac e John Boyega: o quarteto veio divulgar A Ascensão Skywalker; e os fãs puderam ver uma cena ainda inédita, e exclusiva, do longa.

Entre os dois painéis, aquele que era com certeza o mais esperado do dia, pelo menos por grande parte do público: o da Marvel, com a presença de Kevin Feige, presidente da Marvel Studios. Ironicamente, o painel foi o mais curto: apenas vinte minutos de apresentação, contados. Feige apresentou um trecho de Viúva Negra, que estreia em abril de 2020; e um teaser de Os Eternos - os fãs gritaram, choraram e se arrepiaram, mas não há como não ficar com a sensação de que a reação se deve mais à paixão do público pelo MCU do que pelo conteúdo do painel em si: no fundo, quase nada foi dito que já não houvesse sido revelado anteriormente. Os fãs que passaram mais de 40 horas na fila mereciam mais.

Mas no fundo, independente de estar passeando pelos estandes ou acompanhando os painéis, o que é mais incrível na CCXP é simplesmente estar na CCXP: quem adora filmes, séries, literatura, games e tudo o que hoje em dia cabe no guarda-chuva do "mundo nerd" ou "geek" não tem como não amar estar em um lugar que parece um parque de diversões gigante, com atrações para todos os lados - e, talvez o mais importante, gente que compartilha os mesmos gostos que você: conversar nas filas, fazer piadas nos intervalos entre os painéis e tirar fotos com os cosplayers são atividades tão divertidas quanto as outras oferecidas pelo evento.

Seria ingênuo não comentar que a organização da convenção ainda precisa resolver muitos problemas; principalmente no que diz respeito à lotação excessiva e à (falta de) organização para entrada no auditório, por exemplo. Mas, em matéria de conteúdo, essa foi a melhor das três CCXPs que eu já acompanhei. Em 2020, o evento com certeza será ainda maior - esperemos que seja, também, ainda melhor. E que a Marvel seja menos preguiçosa na hora de preparar seu painel.

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