Inhotim demite 84 pessoas durante pandemia e reabertura ainda é mistério

11.08.2020 | 17h49
Folhapress
Por Folhapress
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O museu tem agora 351 funcionários e diz que a preocupação foi manter empregos de baixo salário e proteger vagas no município onde está localizado

O adiamento da inauguração do pavilhão dedicado à artista japonesa Yayoi Kusama e a suspensão de eventos como o Meca, não foram os únicos efeitos da pandemia do novo coronavírus no Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG). Assim como Masp e Afro Brasil, a instituição registrou 84 demissões entre maio e junho, com cortes em todos os setores, e extinguiu todas as diretorias em caráter temporário para fechar as contas.

Inhotim tem agora 351 funcionários e diz que a preocupação foi manter empregos de baixo salário e proteger vagas no município onde está localizado. Antes das demissões, houve redução de contratos fixos com fornecedores e acordo com o sindicato sobre redução temporária de salários e jornada. O Senalba-MG, sindicato que representa os funcionários, afirma que não foi comunicado sobre as demissões, alegando que os trabalhadores é que  deveriam contatar o sindicato. A reportagem tentou contato com alguns dos funcionários demitidos, mas eles não quiseram falar.

A assessoria do Inhotim diz que os desafios enfrentados pela instituição são os mesmos que os de qualquer empresa no cenário da pandemia e que tem otimizado recursos visando a perenidade do museu nesse período sem bilheteria. No dia 21 de julho, o diretor-presidente Antônio Grassi e o advogado Rômulo Ferraz participaram de uma reunião com a promotora Andressa Lanchotti, coordenadora do Caoma (Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente) e da força-tarefa responsável pelo caso do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que deixou 259 mortos e ainda tem 11 desaparecidos.

Em suas redes sociais, a promotora do Ministério Público de Minas Gerais, que não quis dar entrevista, escreveu que a reunião tratou das dificuldades financeiras da instituição e que Grassi apresentou preocupações como a possibilidade de demissões de funcionários, muitos deles moradores da região, e o possível fechamento do museu antes do final do ano.

Em nota enviada à reportagem, Grassi negou que exista a possibilidade de um fechamento definitivo do Inhotim, mesmo com a crise aberta pela pandemia - o local nunca havia ficado fechado por tanto tempo. "Não há possibilidade de fechamento definitivo do Instituto, nosso olhar agora é para o futuro: já estamos trabalhando nos planos de reabertura, avaliando novas possibilidades de interação com o público e comunidade", afirmou ele.

Fechado para vistantes desde o dia 18 de março, além de bilheteria, aluguel de carrinho e eventos, que cobrem 17% das despesas, o Inhotim - uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) - conta com captação de recursos via leis de incentivo, patrocínio direto e aluguel de espaços para se manter. A projeção, segundo o instituto, é que as receitas de 2020 tenha queda entre 50% e 65% com relação a 2019, quando houve ainda o impacto dos efeitos do rompimento da barragem da Vale.

Além de um dos acervos mais relevantes de arte contemporânea do mundo, que inclui artistas como Adriana Varejão, Cildo Meireles e Claudia Andujar, Inhotim tem ainda uma coleção botânica com espécies raras e de todos os continentes. Atualmente, os 139 funcionários que fazem a manutenção diária do parque e das galerias trabalham com escala reduzida e em esquema de rodízio, usando equipamento de proteção individual, máscaras e com distância mínima de dois metros. Outros 212 estão em trabalho remoto.

O instituto diz que aguarda orientações das autoridades de saúde, mas que espera que a reabertura possa ocorrer ainda antes do final do ano. Entre os projetos planejados para a retomada está a construção do pavilhão dedicado à japonesa Yayoi Kusama, que tem três obras no acervo. Pela atualização no plano de ondas para orientar a reabertura, divulgada pelo governo Romeu Zema (Novo) em julho, museus estão entre as atividades que podem ser retomadas na última das três fases de flexibilização, a da onda verde.

Brumadinho, que tem 569 casos confirmados e três mortes pelo novo coronavírus, de acordo com o boletim epidemiológico municipal desta segunda-feira (10), não aderiu ao plano Minas Consciente. A reunião do comitê para definir as ondas de cada região do estado, nas novas regras, acontece nesta quarta.

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