Novo álbum do Green Day nasceu do desejo de trabalhar com uma sonoridade diferente

08.10.2019 | 18h00
Marina Martini Lopes
Por Marina Martini Lopes
Editora
Billie Joe Armstrong, Mike Dirnt e Tre Cool, do Green Day

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Let It Rock

"Father of All Motherfuckers" sai em fevereiro, e será apresentado ao público em uma turnê ao lado do Weezer e Fall Out Boy

Há poucas semanas, de surpresa, o Green Day anunciou um novo álbum: Father of All Motherfuckers sai no dia 7 de fevereiro e já teve sua faixa-título divulgada, com direito a videoclipe. Mais que isso, a banda confirmou também que vai sair em uma turnê mundial, ao lado de Weezer e do Fall Out Boy: a parceria ganhou o título ao mesmo tempo ambicioso e divertido de Hella Mega Tour, e já tem shows confirmados na Europa e América do Norte entre junho e agosto do ano que vem; com mais datas a ser anunciadas em breve - muito mais datas; conforme o vocalista do Green Day, Billie Joe Armstrong, que afirma que a tour vai ser mundial "de verdade".

Em uma nova entrevista concedida à revista Rolling Stone norte-americana, Armstrong afirma que a nova fase da banda veio da simples vontade de fazer algo diferente depois do fim da divulgação de Revolution Radio, o disco de 2016 que colocou o Green Day de volta nos trilhos depois de um dos períodos mais conturbados da carreira do grupo. O frontman estava passando por uma fase em que ouvia muito soul, de Smokey Robinson a Amy Winehouse, e afirma que queria passar o estilo musical "pelo filtro Green Day". "Foi muita tentativa e erro", ele conta. "Eu arranquei muitos cabelos nesse processo."

Capa de "Father of All Motherfuckers", do Green DayFoto: Divulgação

Foi a partir de uma melodia criada pelo baterista Tre Cool, em uma jam na casa de Armstrong em Newport Beach, na Califórnia, que o cantor bolou um título - o tal Father of All Motherfuckers - e começou a cantar em falsete, inspirado por um estilo meio Prince. "Eu disse ao meu engenheiro de som: 'Eu posso estar soando como um maldito idiota, mas, por favor, tenha paciência comigo'", narra Amstrong; que define a faixa-título como algo súbito e inesperado, como "um unicórnio caindo do nada do céu" - o que inspirou a irreverente arte de capa do trabalho. Foi a partir dessa energia que o Green Day bolou o resto da obra, que combina refrões mais dançantes e sons que vão da New Wave ao R&B vintage à sonoridade mais familiar aos fãs, com riffs de guitarra e canções aceleradas.

O baixista Mike Dirnt destaca as faixas Meet Me on the Roof e Junkies on a High como algumas das "mais Green Day" do registro; e afirma que, embora a banda seja conhecida por suas letras politizadas (e tenha criado um dos maiores sucessos de sua discografia, o álbum American Idiot, de 2004, praticamente todo em cima de críticas ao então presidente norte-americano George W. Bush), Donald Trump não foi um de seus alvos desta vez: "Nós não queremos dedicar nosso tempo a um merda como Donald Trump. Ele já teve seus 15 minutos de fama."

Os três músicos se mostram extremamente empolgados diante da perspectiva da Hella Mega Tour. "Nós queremos que seja a maior turnê de rock do ano", afirma Armstrong, sem falsa modéstia. Vai ser a primeira vez que o grupo se apresenta com o Fall Out Boy, que os induziu ao Hall da Fama do Rock em 2015, citando Dookie - disco de estreia do Green Day - como uma das principais influências durante seu período de formação. Já o Weezer é um antigo conhecido do trio: "Eu conheço o Rivers [Cuomo, vocalista do Weezer] desde 1994, acho", diz Armstrong. "Nós dois surgimos no mundo da música meio que ao mesmo tempo, e ainda estamos por aqui. Vai ser muito divertido."

Na última semana, o Green Day lançou também uma prévia de uma nova música, Fire, Ready, Aim, em um anúncio da National Hockey League: a canção também vai fazer parte de Father of All Motherfuckers, e ser divulgada na íntegra na quarta-feira, dia 9 de outubro, antes de um jogo entre os times New Jersey Devils e Philadelphia Flyers.

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