"Dark", "Lovecraft Country", "Ratched": as melhores séries de 2020

18.12.2020 | 12h08
Marina Martini Lopes
Por Marina Martini Lopes
Editora
Algumas das séries mais comentadas ao longo do ano foram novidades; outras foram novas temporadas de produções já existentes

BLOG

Universo Compartilhado

O time do podcast Põe na Lista indica quais foram suas séries favoritas no ano que passou

Quais foram as melhores séries de 2020? Muitas se destacaram ao longo dos últimos doze meses - com as plataformas de streaming inclusive registrando picos de audiência e de novos assinantes, em função da pandemia e da quarentena. O Brasil ainda viu a chegada ao país do Disney+, o serviço de streaming da Disney; e um aumento repentino no interesse por xadrez, simplesmente pela estreia da série O Gambito da Rainha, da Netflix. Algumas das séries mais comentadas ao longo do ano foram novidades; outras foram novas temporadas de produções já existentes.

A equipe do Põe na Lista, o podcast de entretenimento do NSC Total, fez seu ranking das melhores séries de 2020: cada um escolheu três séries, e os motivos pelas quais elas se destacaram. Claro, essa é uma lista bem pessoal, baseada no gosto individual de cada um - e com certeza muita coisa legal ficou de fora. Mas, se você não tiver assistido a algum desses seriado, vale a pena dar uma chance!

I May Destroy You, Lovecraft Country e Em Nome de Deus

*por Iuri Barcellos

Para mim não tem como falar das melhores séries de 2020 sem comentar pelo menos três títulos: I May Destroy You e Lovecraft Country, da HBO, e Em Nome de Deus, original Globoplay.

I May Destroy You é criada, produzida e protagonizada por Michaela Coel (Chewing Gum), um dos grandes nomes da nova geração. Na produção de 2020, a artista também mistura comédia com dramas reais e interpreta Anabela, uma autora de livros que é drogada e estuprada. Os 12 episódios da série desenvolvem uma personagem em meio a traumas, abuso de drogas, racismo e a superexposição nas redes sociais.

Lovecraft Country traz na ficha técnica Misha Green, Jordan Peele (Get Out) e J.J. Abrams (Lost): só por contar com estes nomes já teríamos motivos o suficiente para assistir. A série é inspirada no livro de Matt Ruff Território Lovecraft, que pega o universo de terror criado por H.P. Lovecraft - reconhecido por conter teor racista - e o transforma em uma narrativa onde o racismo é colocado como ponto central do horror. Durante os episódios, diversas referências aos icones da luta antirracista dos EUA são exibidas: James Baldwin, Gil Scott-Heron e Gordon Alexander Roger são alguns exemplos. Em um dos episódios, Elza Soares também é homenageada.

Em Nome de Deus é uma série documental original Globoplay resultante da investigação jornalística sobre as denúncias de estupro contra João de Deus. A história começa no palco do Conversa com Bial, em dezembro de 2018, quando diversas mulheres denunciaram os crimes de estupro cometidos pelo médium. A partir deste ponto, a história retorna no tempo e apresenta a construção do império de João de Deus e reconta algumas das dezenas de crimes cometidos por ele. A jornalista Camila Appel esteve à frente da investigação jornalística e foi uma das responsáveis pela montagem do roteiro, com um fôlego incrível e um encadeamento que lembra muito as séries de true crime internacionais.

A Maldição da Mansão Bly, The Crown e Dark

*por Marina Martini Lopes

A Maldição da Mansão Bly é a segunda temporada de The Haunting, a antologia de terror da Netflix. Embora a primeira temporada, A Maldição da Residência Hill (2018), tenha me impressionado mais, A Maldição da Mansão Bly também conta uma "história de fantasmas" de um jeito criativo, instigante e, principalmente, inteligente: o foco da série está longe de ser dar sustos no espectador; e sim explorar as personalidades, passados, traumas e relações entre os personagens - em muitos momentos, The Haunting é muito mais drama que terror. Não à toa, desde 2018 eu já convenci muitos amigos a assistirem à série (mesmo os que não são fãs de horror ou suspense).

A temporada de The Crown que estreou em 2020 foi a quarta - a série faz parte do catálogo da Netflix desde 2016; e acompanha o reinado da Rainha Elizabeth II da Inglaterra, desde sua ascensão ao trono. O elenco muda a cada duas temporadas, para acompanhar o envelhecimento dos personagens: a quarta temporada foi a última com a vencedora do Oscar Olivia Colman no papel da protagonista, e quem assume a personagem na quinta e sexta temporadas é a atriz Imelda Staunton. Além do elenco estrelado, o seriado é extremamente elogiado por sua ambientação, cenários, figurinos (sendo uma das produções mais caras da Netflix), caracterização de personagens e precisão histórica.

Para mim, quem fica no topo do pódio é a terceira temporada de Dark, a série alemã que superou barreiras linguísticas e culturais para se tornar uma das mais assistidas e comentadas da Netflix. Dark trata de viagens no tempo e realidades paralelas, e narra diferentes momentos do tempo simultaneamente: é o suficiente para dar um nó na cabeça do público; tanto que os memes a respeito da complexidade da trama bombaram na internet. Mas o que mais me impressionou foi justamente o fato de os roteiristas não terem errado a mão em algum momento, como tão comumente acontece com séries que exageram nas perguntas - e falham na hora de finalmente fornecer respostas. O final de Dark amarrou as pontas soltas e satisfez quem estava desde 2017 tentando entender o que diabos aconteceu na pequena cidade de Winden.

Ratched, Dash & Lily e Emily Em Paris

*por Flávia Terres

Entrando no universo do terror exagerado de Ryan Murphy, o topo do pódio das séries que assisti em 2020 fica com Ratched. A série retrata a história dos irmãos adotivos Mildred Ratched e Edmund Tolleson, que passaram por diversos lares quando crianças e sofreram diferentes tipos de abuso. Depois de se tornarem adultos e de terem se separado um do outro ainda na adolescência, Edmund comete um crime (alô, spoiler): o assassinato de quatro padres, que acontece logo no primeiro episódio. Se você acha que o nome Mildred Ratched é familiar, acertou em cheio: o seriado é uma história de origem da personagem de mesmo nome criada por Ken Kesey para o romance Um Estranho no Ninho, de 1962, que foi adaptado para o cinema em 1975. A série passa a narrar com cores neon, tons de músicas exageradas e roupas multicoloridas as tentativas de Mildred de reencontrar o irmão e impedir a sua sentença de morte enquanto ele aguarda em um hospital psiquiátrico.

Como fã de romances clichês e dramas bonitinhos, Dash & Lily não precisou me desafiar a fazer nada incomum para entrar na minha lista de séries preferidas do ano. A série de Natal da Netflix conta sobre o romance de Dash e Lily, que começa a partir de um diário de capa vermelha deixado pela jovem em uma biblioteca. Nas páginas do diário, estão desafios de quebra de rotina para aquele que tiver coragem de realizá-los. Com isso, Dash encontra o diário, começa a realizar os desafios e a desafiar Lily por meio das páginas. Entre desencontros e muita curiosidade para saber quem é a pessoa por trás das palavras escritas, a temporada termina da maneira mais doce possível e deixando o coração da telespectadora aqui bem quentinho (e querendo mais).

A aposta da Netflix de lançar séries novas com episódios curtos acertou em cheio com Emily em Paris que, em uma tarde de domingo, me fez indicá-la para todas as pessoas que têm o mesmo gosto em comum por conteúdos leves, que não exigem muito esforço para serem assistidos e são esteticamente bonitos. Narrando a história da comunicadora estadunidense Emily Cooper, que é promovida para uma função em Paris, a série apresenta um pedaço do universo dos digitais influencers, do mundo da moda, das belíssimas construções francesas e de muita comida deliciosa (algumas preparadas por um galã que pode ser considerado um bônus para continuar assistindo), além de fazer uma breve referência a uma das minhas séries de conforto, Gossip Girl. Unindo tudo isso em dez episódios, ela entrou para a minha lista desse ano.

Quer saber mais sobre as séries escolhidas e conferir outros títulos que aprovamos? Ouça o episódio completo do podcast abaixo!

Matérias Relacionadas