Músico Mario Ghanna, de Joinville, lança "O Blues é Uma Mulher"

10.04.2021 | 13h08
Marina Martini Lopes
Por Marina Martini Lopes
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Mario Ghanna

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Mundo Itapema

Quarto registro da carreira do artista, o álbum pode concorrer ao Grammy Latino no ano que vem

Mario Ghanna está lançando seu terceiro álbum: radicado em Joinville, o músico natural de Sorocaba (SP) estreia O Blues é Uma Mulher, que, segundo ele, é como "um livro de treze capítulos": "O disco todo conta a história de um relacionamento amoroso, de seu início ao fim, e cada música é um capitulo dessa história", ele explica, em entrevista à Itapema. "Na primeira música eles saem juntos, depois começam a se curtir, até que ele se declara e descobre que ela tinha outro - e, então, terminam. Fim. (risos)"

Mario Ghanna está lançando seu terceiro álbumDivulgação

"Encaixei dois interlúdios no disco", ele conta ainda, sobre a narrativa e o conceito do registro. "Eles têm uma função de 'respiro', de pausa. O primeiro deles está antes da música Favela; que tem por finalidade ambientar a história, mostrar ao ouvinte onde ela se passa. Antes de Favela, outras cinco canções já foram cantadas no álbum, todas falando sobre o relacionamento; então achei importante um interlúdio ali para dar uma pausa na história e chamar atenção para o ambiente onde esse relacionamento ocorre. Para esse interlúdio usei como inspiração uma canção de [Heitor] Villa-Lobos, Preludio II. O segundo interlúdio é uma citação da música Blues is a Woman, de T-Bone Walker, que inspirou o nome do meu disco. Ou seja, tudo nesse trabalho tem uma razão."

As referências, que vão da música clássica ao blues, fazem parte da formação musical de Mario. "Comecei meus estudos formais em música clássica aos 12 anos, com violão", ele narra. "Depois, aos poucos, fui estudando e brincando com música popular. Já na faculdade, costumava me apresentar com frequência nos bares da cidade, tocando em rodas de samba e em encontros com amigos."

"Na sequência, tive a oportunidade de fazer um curso nos Estados Unidos. Não tinha a ver com música, era um curso jurídico", ele prossegue. "Mas isso acabou me levando aos clubes de blues de Nova York. Frequentei muito e resolvi me aprofundar nesse estilo. Estudei música em Berklee [a Berklee College of Music, de Boston, Massachusetts]; blues, jazz, rock e guitarra rítmica. De volta ao Brasil, continuei a tocar blues e rock em pequenos pubs, até começar a gravar minhas composições, que traziam essa mistura do blues, soul e jazz com a música brasileira."

Antes de O Blues é Uma Mulher, Mario já havia lançado outros dois discos e um EP: Manual de Festa do Rei do Traje Invisível; Meio Blues, Meio Samba - ao vivo em Curitiba; e Solo em Casa. "Eu gosto muito dos trabalhos anteriores, mas eles ainda não tinham deixado evidente meu conceito musical", destaca. "Agora as nuances do blues estão muito mais claras e viscerais, bem como a influência da música brasileira. Tem também umas pitadas de jazz, especialmente no naipe de metais e em algumas linhas vocais."

O novo álbum conta com participações especiais de Fernandinho Beat Box, Cuca Teixeira, Rodrigo Suricato, Eduardo Mercury, Mano Silva, Luis Moretti, Paulinho Trombone e Sergio Dias; além do time de músicos que já acompanham Mario em shows: Menderson Madruga, Michel Falcão, Cadu Floriani, Thalles e Edu Sax. As parcerias foram gravadas remotamente, em função da pandemia de coronavírus: O Blues é Uma Mulher está em construção desde o final de 2018. "Talvez o compositor do começo do disco tenha sido outro ao final dele", Mario comenta. "E acho que dá para notar um pouco disso nas canções: essa mudança constante de personalidade, climas e humor. "

O artista diz que sempre teve "mania" de se inscrever em concursos musicais: foi indicado ao Prêmio de Música de Santa Catarina; concorreu em Prêmio Multishow; e, em 2017 e 2019, venceu o The Akademia Music Awards, de Los Angeles, na Califórnia (EUA), dedicado à música independente. Ele chegou a concorrer ao Grammy Latino em 2015, com um single; e, agora, foi convidado pela Recording Academy para se inscrever na edição do ano que vem. "Como eu concorri em 2015, acho que o nome ficou no radar, né?", comenta Mario; confirmando que vai inscrever O Blues é Uma Mulher na premiação. "Não vou ficar alimentando expectativas", garante, mas logo completa: "Mas seria demais ser indicado, né?"

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