Onda de lançamentos sobre David Bowie chega ao mercado nos cinco anos da morte do artista

05.01.2021 | 19h34
Folhapress
Por Folhapress
David Bowie

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Artista morreu em janeiro de 2016

Fãs de David Bowie ainda lamentam a morte do cantor inglês, em janeiro de 2016, mas têm o consolo de acompanhar nos últimos meses (e nos próximos) um enorme pacote de registros inéditos de seus shows. Só em 2020 foram lançados quatro álbuns ao vivo. E os dois últimos são o início de uma série de seis, Brilliant Live Adventures, com o próximo disco anunciado para o dia 15 de janeiro. Brilliant Adventure é o nome de uma canção que Bowie gravou no álbum Hours, em 1999. As performances que entram nessa série fazem parte das turnês da segunda metade dos anos 1990, quando o cantor lançou também 1. Outside, de 1995, e Earthling, de 1997.

Os dois discos ao vivo já lançados são Ouvrez le Chien: Live Dallas 95 e No Trendy Réchauffé: Live Birmingham 95. Apesar de registrarem shows da mesma turnê, apenas sete músicas se repetem. Bowie não se rendia a uma configuração igual em todas as noites. E as repetições reservam surpresas. Look Back in Anger e Under Pressure têm versões muito diferentes em cada disco, muito devido a performances incríveis da baixista e vocalista Gail Ann Dorsey, braço direito de Bowie no palco.

Alguns momentos da passagem de Bowie pelo Brasil em 1997, especificamente no Rio de Janeiro, estão incluídos no terceiro disco da série, LieAndWell.com. É uma coletânea de músicas dos shows no Rio, em Nova York e em Amsterdã. Parte do álbum já é conhecida. Em 2000, Bowie lançou dez faixas desse material num CD com o mesmo nome, em tiragem limitada, vendido apenas a inscritos no BowieNet, o supersite que mantinha na época. LieAndWell.com volta em edição ampliada, mas com poucos hits. Entre as mais conhecidas estão Hallo Spaceboy, Little Wonder e I'm Afraid of Americans. Uma curiosidade: a capa terá foto de Bowie durante ensaio para o show em Londres. O registro é da fotógrafa Scarlet Page, que é filha de Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin.

Ainda não há informações sobre os três álbuns seguintes. Na Inglaterra, o selo Parlophone está lançando os discos em vinil e CD. No Brasil, a Warner está colocando a versão digital nas plataformas. Fora da série, outros dois discos ao vivo chegaram ao mercado em 2020. Um é essencial. Something in the Air: Live Paris 99 traz a dose habitual de canções menos badaladas, mas reúne uma boa oferta de sucessos em versões vibrantes: Life on Mars?, China Girl, Changes, Seven e Rebel Rebel.

Já o outro lançamento é um equívoco. I'm Only Dancing: The Soul Tour 74 foi um projeto abortado na época, e é fácil compreender a razão. O vocal de Bowie deixa a desejar. Os efeitos do consumo cavalar de cocaína são evidentes. É uma pena, pois naquele momento Bowie estava na transição do glam rock do álbum Diamond Dogs para sua releitura do soul em Young Americans. Há arranjos curiosos para coisas mais antigas como Changes, Suffragette City ou Rock'n'Roll Suicide, e até cover de It's Only Rock'n'Roll (But I Like It), dos Rolling Stones. Mas é um disco irregular. Com pouco dinheiro, o fã pode priorizar os outros ao vivo dessa leva recente.

Bowie não reapareceu apenas nos discos. Está disponível no Apple TV+ americano o longa Stardust, dramatização sobre um jovem Bowie em 1971, nos Estados Unidos, nos meses que antecederam a criação da figura andrógina de Ziggy Stardust, que se tornou um ícone do rock. É um filme modesto, com resultado um tanto capenga. Exibido na última Mostra de Cinema de São Paulo, está previsto para estrear no Brasil em abril.

Johnny Flynn, ator e músico britânico, faz o que pode como Bowie. A voz ficou perfeita, mas o rosto não ajuda muito. Ele é um bom ator, como mostra no novo Emma, adaptação de Jane Austen estrelada por Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha), mas não é fácil interpretar um monstro sagrado do rock. Não se compara a Rami Malek como Freddie Mercury e, principalmente, a Taron Egerton como Elton John.

O que compromete o filme não é Flynn, mas sim o personagem do executivo de gravadora interpretado por Marc Maron. Criado para ser escudeiro de Bowie em suas andanças até inventar a persona Ziggy, ele defende diálogos estapafúrdios com o cantor. Mas Stardust sabe valorizar o momento em que Ziggy finalmente surgirá no palco. Pode ser diversão para fãs, desde que não levado a sério como biografia.

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