Rodrigo Santoro dubla jovem mimado em "Klaus", animação da Netflix

20.11.2019 | 10h30 - Atualizada em: 20.11.2019 | 13h07
Anna Rios
Por Anna Rios
 'Klaus', animação da Netflix

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Trabalho é a estreia do ator na plataforma; filme de Natal fala sobre intolerância

Uma cidade dividida em dois grupos rivais, que não conseguem conversar entre si. Sobram ódio, rancor e discussões infinitas. A situação parece familiar? Mas não, não é nenhum município brasileiro. 

Apesar das semelhanças com a vida real, esta é uma obra de ficção, que se passa bem longe daqui, em Smeerensburg, uma ilha gelada acima do Círculo Ártico. É para lá que Jasper, o pior aluno da Academia de Carteiros, é mandado pelo seu pai. O objetivo é dar uma lição no filho mimado, que nasceu em "berço esplêndido", nunca trabalhou e sempre teve tudo que quis.

No local, além de enfrentar muitas dificuldades, o jovem vai conhecer o misterioso e sombrio Klaus, um carpinteiro que vive isolado em uma casa cheia de brinquedos feitos à mão. A improvável amizade entre eles e como isso vai afetar o resto dos moradores e mudar o Natal na cidade são o mote de Klaus, primeiro filme de animação original da Netlfix, que estreou na última sexta-feira (15).

Na versão brasileira, os atores Rodrigo Santoro e Daniel Boaventura dublam os personagens principais, Jasper e Klaus, respectivamente. Já a atriz Fernanda Vasconcellos faz a voz da professora Alva.

Embora seja uma produção, em princípio, voltada às crianças, Santoro afirma que o longa tem muitas camadas e potencial para agradar os adultos ao falar de questões atuais e "absolutamente urgentes" como a intolerância, a falta de diálogo entre as pessoas e a polarização observada não só no Brasil, mas em todo o mundo. 

"Nesse sentido, é quase como um cavalo de Troia às avessas", diz o ator. Isso porque, afirma ele, o espectador entra no filme achando que vai apenas dar risada e se divertir, mas pode ser surpreendido ao se ver refletindo sobre algum assunto abordado no enredo. "É para isso que a gente trabalha: é para entreter, mas também é para provocar reflexões", relata ele, que faz em Klaus o seu primeiro trabalho na Netflix. 

Fernanda e Daniel Boaventura compartilham de opinião semelhante. "É um roteiro que me emociona, e me fez refletir sobre possíveis intolerâncias, e em como eu me relaciono no trabalho e com a família", diz a atriz. Klaus tem direção de Sergio Pablos, cocriador de Meu Malvado Favorito, grande sucesso de 2010.   

Desafios da dublagem

Dar voz a um personagem de desenho não é novidade para Rodrigo Santoro. O ator fez as dublagens do ratinho de O Pequeno Stuart Little (1999) e O Pequeno Stuart Little 2 (2002), e de Túlio nas animações Rio (2011) e Rio 2 (2014).

Apesar da experiência, ele conta que fazer Jasper foi "um desafio enorme". "Acho que ele toma muito café expresso pela manhã [risos], ele fala muito rápido, mas muito rápido mesmo", afirma o ator, que se diz bem mais calmo em sua vida. 

Santoro lista também outras dificuldades como a própria sincronia entre a imagem e a voz: "Até porque o inglês [idioma original do filme] é muito mais compacto [que o português]", diz. O ator conta ainda que estava no meio de um outro trabalho quando fez Klaus. Por isso, ele teve que concentrar a dublagem da animação em um "fim de semana emendado", gravando várias horas seguidas. 

"Como foi um trabalho intenso, eu observei dessa vez como é importante e como é possível, mesmo que seja só através da voz, você transmitir emoção, sentimentos, estados [de espírito]...é muito sutil. Mas às vezes a gente fazia um take, escutava e falava: ainda não é isso."

Não que não funcionasse, afirma ele. "Mas é diferente de ter alma, de ter emoção, de ter vida por trás. É cirúrgico, e eu sou muito perfeccionista." O esforço valeu a pena. Segundo o ator, produtores americanos disseram que a versão brasileira de Klaus é a que melhor foi produzida na comparação com as dublagens em outros idiomas -ao todo foram desenvolvidas versões da animação em 28 línguas, além do inglês.  

Para Daniel Boaventura, conhecido pelo seu vozeirão, o maior desafio foi traduzir para o humor português as tiradas do filme, "mas sem perder o molho da versão original". Já Fernanda Vasconcellos, que tem menos experiência em dublagens, afirma que o trabalho foi exaustivo fisicamente. 

Em um filme, diz ela, você tem meses de preparação. "Na dublagem, você conta a vida de um personagem em horas, em dois dias. E isso exige um trabalho físico intenso", conclui. 

Em inglês, as dublagens foram feitas pelos atores Jason Schwartzman (Jasper), J.K. Simmons (Klaus) e Rashida Jones (Alva).

Por GaúchaZH

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