Sete mitos sobre o R.E.M. confirmados (ou não) pela biografia "Begin the Begin"

15.01.2020 | 16h50 - Atualizada em: 15.01.2020 | 16h48
Marina Martini Lopes
Por Marina Martini Lopes
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O título da nova biografia deixa clara essa abordagem: "Begin the Begin", algo como "começar o começo"

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O novo livro do autor Robert Dean Lurie é focado nos primeiros anos da banda

Muitos livros já foram escritos sobre o R.E.M. - e o autor Robert Dean Lurie sabe disso. Por isso, na hora de escrever sua própria biografia da banda, ele decidiu mergulhar fundo nas origens e nos primeiros anos do grupo, em Athens, Georgia, nos anos 1980. "Muitos personagens que foram essenciais no início da trajetória do R.E.M. apareceram pouco, ou foram totalmente omitidos, em obras anteriores", afirmou Lurie (que assinou também We Can Be Heroes: The Radical Individualism of David Bowie, lançado em 2016), em entrevista ao site Pitchfork.

O título da nova biografia deixa clara essa abordagem: Begin the Begin, algo como "começar o começo", em tradução livre. Lurie agiu como um detetive, buscando pessoas que pudessem contribuir para a história que ele queria desvendar - e, no processo, tentou confirmar ou desmentir alguns mitos comuns sobre os primeiros anos da banda. O site Pitchfork selecionou algumas dessas "lendas". Confira abaixo:

A primeira performance de Michael Stipe foi em uma batalha de bandas na escola

Dizem que o frontman se sentiu inspirado a cantar pela primeira vez ao ouvir o álbum Horses (1975), de Patti Smith; e, embora não possa confirmar nem negar essa afirmação em particular, Lurie descobriu que, em 1977, o vocalista de fato participou de uma batalha de bandas em sua escola, em St. Louis. "Eu não sei cantar", ele teria respondido, ao ser convidado para o evento por um colega chamado Crag Franklin - mas acabou aceitando, depois de alguma insistência por parte do amigo. Entre as músicas apresentadas pelo grupo naquele dia estiveram Gimme Shelter, dos Rolling Stones, e Working Man, do Rush.

O nome "R.E.M." talvez não tenha sido tirado do dicionário

A história mais comum a respeito da origem do nome da banda conta que Michael Stipe abriu aleatoriamente um dicionário e encontrou a sigla para "rapid eye movement", ou "movimento rápido dos olhos", expressão que descreve uma das fases do sono. Mas, de acordo com o cenógrafo William Orten "Ort" Carlton, a sigla que batizou o grupo veio do nome Ralph Eugene Meatyard, um fotógrafo que de fato assinava suas obras como "r.e.m.". Ainda segundo Carlton, Stipe tinha grande interesse pelo trabalho de Meatyard. Será?

Stipe tinha diversos projeto paralelos e experimentais

A sonoridade do R.E.M. era bastante convencional em um primeiro momento - algo que não demorou a mudar -, mas, paralelamente, Michael Stipe sempre teve um grande interesse por música experimental. Em 1981, ele tocava solo, usando o nome 1066 Gaggle O' Sound. "Ele gravava ao vivo o que apresentava, e então tocava a fita que tinha acabado de gravar, e fazia uma nova apresentação por cima, acompanhando a gravação", conta David Pierce, que foi colega do músico na escola de arte UGA. O artista também esteve na banda experimental Boat Of, com Tom Smith. Com Pierce, Stipe fez parte de um grupo chamado Tanzplagen, no qual tocava órgão: a banda chegou a fazer uma turnê e lançar um single.

Mesmo enquanto se tornavam cada vez mais famosos, os integrantes mantiveram os pés no chão

Robert Dean Lurie encontrou muita gente que tinha histórias gentis para contar sobre os membros do R.E.M. Jeff Walls, do Guadalcanal Diary, que abriu para a banda em 1985, narra que o grupo ganhou sapatos e roupas de presente dos integrantes; e Chris Edwards, que atuou como assistente na organização de uma turnê, diz que os músicos sempre "ficavam depois dos shows e conversavam com todo mundo que queria conversar com eles, até que os fãs estivessem cansados de falar."

A fase loira de Michael Stipe foi inspirada por... Mostarda

No meio dos anos 1980, durante uma turnê, o frontman apareceu com o cabelo tingido de loiro - inspirado não pela moda, mas por um condimento. Segundo Chris Edwards, certa noite, no backstage, o cantor viu um pote de mostarda e perguntou: "Não dá vontade de enfiar a cabeça aí dentro?" Alguns dias depois, lá estava ele, com seu novo visual; que durou apenas algumas semanas.

Lifes Reach Pageant começou como um trabalho conceitual

O quarto álbum do R.E.M., Lifes Rich Peagent (1986), é considerado mais simples e direto que seu antecessor, o obscuro Fables of the Reconstruction (1985) - mas, na verdade, ele foi inicialmente concebido como um disco conceitual: doze faixas instrumentais curtas foram gravadas para ser "encaixadas" entre as canções mais longas, mas o produtor Don Gehman convenceu os integrantes a descartar o material. Mais tarde, algumas delas deram origem a músicas "completas", como é o caso de Underneath the Bunker - para a qual Stipe escreveu a letra poucos minutos antes da gravação definitiva.

Bill Berry sempre quis ser um fazendeiro

A decisão de Berry de deixar o R.E.M., em 1997, foi surpreendente - principalmente porque o ex-baterista resolveu abandonar o mundo da música e se tornar um fazendeiro. Mas, nos anos 1980, quando estava namorando Kathleen O'Brien (figura-chave na história da banda, que inclusive foi responsável por alguns dos membros terem se conhecido), Berry já havia confessado seu desejo, que só se tornaria realidade mais de uma década depois. Segundo Lurie descreve, durante uma viagem de carro pela Georgia, O'Brien e Berry encontraram um fazendeiro local, que permitiu que o então músico dirigisse um trator pela sua propriedade - e O'Brien afirma que nunca viu Berry tão feliz.

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