Superprodução e animais falantes marcam aposta em série de "Bússola de Ouro"

05.11.2019 | 17h00 - Atualizada em: 06.11.2019 | 18h01
Anna Rios
Por Anna Rios
Superprodução e animais falantes marcam aposta em série de 'Bússola de Ouro'

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Baseada em trilogia infanto-juvenil de Philip Pullman, "His Dark Materials" ganha seriado com oito episódios

Há uma lenda chinesa que diz que nascemos conectados a nossa alma gêmea por um fio vermelho invisível e é com essa pessoa que estamos fadados a passar o resto das nossas vidas. Na nova série da HBO em parceria com a BBC "His Dark Materials", que estreia nesta segunda (4), este eterno companheiro é, na verdade, um animal.

A trama é uma adaptação da trilogia infanto-juvenil "Fronteiras do Universo", do americano Philip Pullman, lançada em 1994 e cujo primeiro volume, "Bússola de Ouro", virou filme em 2007. O autor, que tem mais de dez livros publicados no país, é produtor executivo da série. A adaptação foi escrita por Jack Thorne ("Harry Potter and the Cursed Child") e Tim Hooper ("O Discurso do Rei") dirige a superprodução.

A narrativa acompanha a protagonista Lyra Belacqua, uma menina de 11 anos interpretada por Dafne Keen ("Logan"). Assim como todas as pessoas daquele mundo fictício ela tem um daemon, uma manifestação de sua própria alma em forma de animal que fala e tem vontade própria. 

Quando criança, o daemon muda de forma - por isso Pantalaimon se transforma num inseto quando ele e Lyra precisam espiar alguma conversa ou num felino quando estão em perigo. A transição da infância para a vida adulta é marcada pelo momento em que o daemon adquire a sua forma definitiva como reflexo da personalidade do companheiro humano. Ter um leão, um cachorro ou um corvo como extensão de si próprio é uma pista sobre quem você é. 

Lyra é uma órfã criada sob a guarda da Faculdade Jordan, em Oxford, e que sonha em viajar com seu tio, Lorde Asriel, um explorador que aparece de vez em quando entre suas viagens ao Polo Norte. Em uma dessas visitas, Asriel divide com os catedráticos da faculdade suas descobertas: o fenômeno do 'pó' e a possível existência de mundos paralelos. Entre suspiros de espanto e acusações de heresia, os catedráticos parecem ter medo das consequências daquela conversa - politicamente, o mundo é dominado por um Magisterium, uma espécie de estado-igreja militarizado. 

A visita coincide com uma onda de desaparecimentos de crianças, incluindo o melhor amigo de Lyra. É então que a influente Sra. Coulter, interpretada por Ruth Wilson, aparece e leva a menina para viver em Londres, com as promessas de levá-la em expedições que Lyra sonha em ir e de encontrar seu amigo sumido. É o início das suas aventuras. 

No livro, acompanhamos os detalhes do mundo particular da menina, que começa com suas brincadeiras nos telhados, sua relutância em tomar banho e se portar como uma "mocinha". Afinal, é uma trilogia que acompanha o crescimento de uma criança que, apenas com 11 anos, tem uma importância crucial no destino daquele mundo que ela ainda não consegue - e nem nós leitores - entender a princípio. Os mistérios vão sendo desvendados na medida em que a garota precisa enfrentá-los. 

Já no primeiro episódio, a série abandona o olhar único da protagonista. No lugar de suas sapequices, mostra personagens que só apareceriam mais para a frente na escrita de Pullman e cria situações inéditas que dão contexto para o espectador entender aquele novo mundo. Magisterium, tramas egípcias e o própria importância do destino da protagonista são logo apresentados e a adição de tais elementos dá um tom menos juvenil à narrativa. 

Na seleção de atores, James McAvoy ("It") vive Lorde Asriel e Ruth Wilson ("The Affair") consegue captar muito bem a personalidade sedutora de Sra. Coutler. Georgina Campbell, Anne-Marie Duff, James Cosmo, Clarke Peters, Ariyon Bakare e o vencedor do Tony Award, Lin-Manuel Miranda, também estão elenco.

O filme não ficou atrás na seleção de atores - Daniel Craig, Nicole Kidman e Eva Green - e ainda foi vencedor do Oscar de efeitos visuais, mas teve recepção abaixo da esperada. O ritmo acelerado não despertou o encantamento que poderia ter no imaginário. Com uma primeira temporada de oito episódios, a série tem mais margem para encontrar um bom equilíbrio que contribua para o fascínio do mundo criado por Philip Pullman.

Por GaúchaZH

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