Van Morrison: a qualidade não contestada pela quantidade

Aos 74 anos, o prolífico Van Morrison evitou o lucrativo circuito da nostalgia e a atração pela aposentadoria e está em um processo criativo poderoso. Lançado em 25 de outubro de 2019, com uma edição ampliada apresentada a seguir em 29 de novembro, "Three Chords And The Truth" é seu sexto novo álbum em apenas quatro anos.

Enquanto a lenda da Irlanda do Norte lança novos álbuns em um ritmo furioso, essencialmente, a qualidade não é contestada pela quantidade. De fato, o trio de lançamentos anteriores de Morrison, "Roll With The Punches", "Versatile" e "The Prophet Speaks", receberam críticas positivas da imprensa especializada. O músico manteve uma abordagem uniforme nestes trabalhos, misturando e combinando versões reimaginadas dos padrões de blues, jazz e R&B.

O disco mais recente, "Three Chords And The Truth", chega para dar sequência ao incansável e incrível processo criativo do artista. O álbum possui 14 músicas recém-criadas, todas compostas por ele, com exceção de 'If We Wait For Mountains', parceria com o letrista inglês Don Black.

É um bônus significativo que Morrison possa recorrer à nata das sessões de estúdio para realizar sua inquieta obra. Ele tem músicos talentosos e experientes, como o baixista David Hayes e o pianista Paul Moran, assim como o versátil guitarrista americano Jay Berliner.

Mas independente de sua habilidade e sutileza, no entanto, qualquer equipe precisa ser inspirada pelo seu líder, por isso é fundamental também que Morrison esteja em ótima forma como vocalista. Sua voz tem um timbre mais profundo e rico hoje em dia e é o veículo ideal para as canções mais reflexivas do álbum. É difícil escolher a melhor faixa mas 'Up On Broadway' é um dos destaques de mais uma obra genial do mestre.