Coronavírus interrompeu trajetória de saída da crise do mercado editorial

09.06.2020 | 18h54
Folhapress
Por Folhapress
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Antes da crise econômica trazida pelo coronavírus, o mercado editorial vinha tendo um inesperado crescimento

Antes da crise econômica trazida pelo coronavírus, que provocou o fechamento das livrarias, o mercado editorial vinha tendo um inesperado crescimento - mesmo com a entrada dos principais canais de venda, a Saraiva e a Cultura, em recuperação judicial. O faturamento total do setor cresceu 6% no ano passado, somando as vendas para o governo e para o mercado, mostra a última edição da pesquisa Produção e Vendas do Setor Livreiro, divulgada nesta segunda-feira (8) pela Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores.

Ao todo, o setor faturou R$ 5,7 bilhões. É a primeira vez que o levantamento anual é realizado pela Nielsen Bookscan. Quando se olha só as vendas para o mercado - portanto, sem considerar as compras governamentais -, os números apontam crescimento real de 3,3%, o que mostra que editoras vinham driblando os problemas com a Cultura e a Saraiva. Os livros de ficção, não ficção e autoajuda - as chamadas obras gerais -, que teriam tudo para estar entre as mais afetadas pela crise das duas livrarias, tiveram crescimento real de 15% considerando só as vendas para o mercado. Se levarmos em conta também as compras do governo, a alta real foi de 27%.

Os números são resultado da busca por outros canais de comercialização, um caminho natural diante da situação da Saraiva e da Cultura. E a notícia é a boa para a Amazon, que nos últimos anos tem ganhado mais e mais tração no mercado brasileiro. A participação das livrarias exclusivamente online saltou de cerca de 3%, em 2018, para 13% no ano passado. Embora com salto menor, outros dois canais tiveram alta, as vendas para escolas e pela modalidade de marketplace - quando uma editora pode ter uma loja dentro de outra loja virtual, como acontece com o Magazine Luiza, por exemplo. No primeiro caso, o salto foi de 2% para 6%; no segundo, de nem 1% para 5%.

Já livrarias tradicionais, que antes representavam metade de todo o faturamento das editoras, viram essa participação cair quase 10%. O governo Bolsonaro, ao contrários das expectativas do setor no começo do mandato do presidente, tem continuado a retomada da compra de livros que havia sido iniciada na gestão Temer - nesse sentido, ambos são melhores para as editoras do que o governo Dilma Rousseff havia sido.

No ano passado, o governo federal comprou 50% a mais exemplares do que no ano anterior, gerando uma alta de faturamento de 15% em termos nominais. O principal motivo foram as compras que a gestão Bolsonaro fez no Programa Nacional Livro da Escola Literário em 2019 - o programa sozinho fez a aquisição de 53 milhões de exemplares, desembolsando R$ 280 milhões. Quando se considera também outros órgãos governamentais, a alta de receita foi de 18%.

Mesmo com os números positivos, outros dados mostram que as editoras estão mais cautelosas, apostando mais na reimpressão de títulos do seu catálogo do que em lançamentos. Os novos títulos tiveram uma queda de 6,6%, enquanto as reimpressões subiram 13% no mesmo período.

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