Pensando sobre games: jogos reconfortantes

15.10.2021 | 12h00
Por Joana Caldas
Repórter do G1/SC e editora do blog Pensando Sobre Games
O presidente da Sony, Jim Ryan, notoriamente falou em 2017 que títulos do Playstation 1 e 2 têm uma aparência anciã

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Você comprou um videogame novo para jogar games velhos?

Fiquei empolgadaça com a apresentação mais recente da Nintendo. Parece que foi feita pra mim! Teve Kirby, Metroid e Bayonetta. E jogos antigos.

O presidente da Sony, Jim Ryan, notoriamente falou em 2017 que títulos do Playstation 1 e 2 têm uma aparência anciã, e se perguntou: “Por que alguém jogaria isso?”.

Por que alguém como eu, com um Switch, vai querer jogar um jogo do Nintendo 64 ou do Mega Drive, os dois consoles que fazem parte da expansão do serviço de assinatura Nintendo Switch Online? Aliás, quem é que estava jogando os jogos que já estão disponíveis, do Nintendinho e Super Nintendo? E quem é que vai pagar ainda mais pela assinatura para ter ainda mais títulos velhos?

Pois é. Para mim, a adição é muitíssimo bem-vinda. Eu vibrei muito vendo a apresentação, sabendo que vou ter acesso, no Switch, a Starfox 64, Mario Kart 64, Zelda Ocarina of Time, Sonic 2 (!!!!) e Streets of Rage 2 (!!!!!!). Nunca tive Nintendinho ou Super Nintendo. Aqui em casa quem reinava era justamente o Mega Drive e o Nintendo 64.

Este poderia ser um texto sobre a importância da preservação dos videogames, mas não é pra ser tão sério. Em vez disso, eu vou dizer pra você por que eu quero acesso a esses títulos antigos num videogame moderno. A razão é que eles são meus jogos de conforto.

Nintendo/Divulgação

Quantas vezes já joguei Sonic 2? Não sei e nem vou tentar calcular. Mas jogaria mais um milhão de vezes. Para mim, games de conforto equivalem àquela pessoa que liga a Netflix e assiste a Friends ou a qualquer outra série que já viu. É legal rever personagens queridos, passear por mundos nos quais já estivemos e ter a sensação de que somos poderosos, já que vamos passar pelas fases facilmente. Os títulos de conforto são exatamente assim.

Eu adoro jogar games assim quando estou mais cansada. Quando você joga um jogo novo, tem que prestar bastante atenção. Tem que ler instruções, tem que estar ligada para não ser surpreendida por inimigos, para não cair em armadilhas do cenário, para prestar atenção no que o personagem que está ajudando o seu protagonista está falando.

Não dá pra ficar mosqueando, não dá pra jogar meio dormindo. Se você é adulto, sabe o quanto de informação a gente precisa absorver todos os dias e quanta responsabilidade você tem na sua vida. É trabalho, é estudo, é cuidar de casa. Tudo exige nossa atenção e energia.

Às vezes, quando você tem o seu tempinho pra ficar com o seu game, já está tão cansando de receber informações novas que só quer relaxar. E aí vem o Sonic, a Blaze e o Fox McCloud.

Eu sei o que precisa fazer pra fechar o Sonic 2, o Streets of Rage 2 e o Starfox 64. É só ir. É pura diversão. É só correr e pular na hora certa. É só ouvir uma música incrível enquanto espera o inimigo Big Ben sair cuspindo fogo para começar a pancadaria nas ruas. E é só recitar as falas da turma do Starfox, que você já sabe de cor, enquanto posiciona a sua nave corretamente na tela para não bater em nada.

Sega/Divulgação

Amo voltar pros jogos de conforto. Adoro jogá-los após um game que nunca tinha experimentado antes, para aqueles momentos em que não quero mais receber informação nova do título novo, mas ainda quero continuar jogando videogame.

É curtir um jogo sem se preocupar com as falas dos personagens e sem ser constantemente interrompido por cinemáticas de 3 minutos. É pura gameplay descompromissada. Afinal, já cheguei ao final desses jogos. Se eu quiser, posso parar no meio e não continuar nunca mais.

Entendo o Jim Ryan e qualquer outro jogador que não vê sentido em pagar para jogar games “anciões”. Mas fico felicíssima em poder ter esses títulos tão queridos por mim em um videogame que uso com frequência. E bora lá derrotar o Dr. Robotinik novamente!

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