Podcast "99Vidas" faz conversa sobre videogames antigos parecer fácil

21.01.2020 | 17h00 - Atualizada em: 21.01.2020 | 17h20
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99Vidas

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Programa fundado por cearenses há dez anos tem mediação e edição para fazer programa improvisado fluir sem sobressaltos

Podcast é uma mídia antiga recentemente popularizada. Um dos raros casos que estavam por aí antes disso virar modinha é o "99Vidas", especializado em jogos de videogame antigos.

Publicado pela primeira vez em 12 de janeiro de 2010, o programa de hoje é distante das suas primeiras edições. No começo durava menos de meia hora e era uma conversa entre a dupla de cearenses Jurandir Filho (também fundador do "RapaduraCast", de cinema) e Izzy Nobre (youtuber com mais de 500 mil assinantes).

Logo o "99Vidas" encontrou seu formato atual: mesa redonda com até duas horas de duração e periodicidade semanal, pautado principalmente por jogos antigos. Além da dupla inicial somaram-se os paulistas Evandro de Freitas (participante de outro podcast, o "Mosqueteiros") e Bruno Carvalho (do "Reloading"), ambos com repertório diferente em comparação com os fundadores.

O quarteto nasceu nos anos 1980, o que resulta em diversos programas relembrando os games dos anos 1990 (como um recente sobre os jogos de Super NES "Wild Guns" e "Actraiser") e 2000 ("Super Mario Sunshine", de GameCube). A nostalgia dá um tempo em janeiro, quando os melhores jogos do ano anterior são debatidos.

Além de abordar aspectos técnicos e narrativos dos games, os participantes trazem suas experiências pessoais. Carvalho afirma respeitar os semáforos quando joga "Grand Theft Auto", o que é curioso para um jogo que proporciona barbaridades em uma cidade; Jurandir certa vez ficou tão emocionado com um lançamento que vomitou na locadora.

O clima é descontraído. As notas dadas aos jogos, levadas a sério pelos veículos especializados, aqui servem mais como escada para descontração.

O "99Vidas" tem muito trabalho para parecer ser feito sem trabalho nenhum. É o típico podcast capaz de motivar o ouvinte a juntar alguns amigos para fazer algo similar.

A conversa no "99Vidas" flui em boa parte graças ao mediador Jurandir. Por mais que o clima de improviso reine, ele conta com um entendimento claro de ritmo, clima e características dos seus companheiros. Tal um camisa dez habilidoso, sabe quando e como passar a bola -às vezes com alguma provocação ou humor absurdo como veneno antimonotonia.

Jurandir se ocupa de manter o discurso compreensível, solicitando explicações para termos herméticos.

Outro pilar do programa é o editor Edu Aurrai, quinto integrante mudo. A conversa é publicada limpa sem parecer artificial, com material de apoio relacionado ao assunto (um efeito sonoro mencionado na conversa, por exemplo) e com trilhas escolhidas com perspicácia do cancioneiro videogamístico.

Para neófitos, pode ser só uma trilha agradável de fundo. Para quem reconhece uma música como "Scars of Time" de "Chrono Cross" chega em certos momentos a roubar o holofote da conversa.

O "99Vidas" chegou a lançar um jogo próprio por meio de financiamento coletivo, com os integrantes do cast como heróis.

Arrecadaram mais de R$ 120 mil em 2015 e hoje o game desenvolvido pela paulista QUByte está disponível nas principais plataformas atuais, como PlayStation 4, Xbox One e Switch. Não está no Super NES, GameCube nem em qualquer outro console antigo discutido no programa -afinal, nostalgia tem limite.

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