Delírios e traumas guiam protagonista por ilha misteriosa em "The Third Day"

02.10.2020 | 11h56
Folhapress
Por Folhapress
É difícil entender o que está acontecendo no primeiro episódio da minissérie "The Third Day", recém-lançada pela HBO

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Série estrelada por Jude Law acaba de estrear na HBO

É difícil entender o que está acontecendo no primeiro episódio da minissérie The Third Day, recém-lançada pela HBO. Mas acredite: você não está sozinho. O próprio protagonista da trama, interpretado por Jude Law, parece ele mesmo confuso quanto ao que acontece à sua volta. Após um problema no trabalho, Sam vai a uma floresta para refletir e se acalmar. Ele encontra uma garota em apuros e decide levá-la até sua casa, em uma pequenina ilha na costa britânica. Mas, para chegar lá, é preciso ter uma ajudinha da maré - se ela estiver alta, o sinuoso e estreito caminho de terra que conecta o lugar ao continente fica submerso.

É claro que isso acontece justamente quando o protagonista tenta atravessar a passagem depois de deixar a menina em segurança. Preso na ilha, ele começa a perceber que por trás daquele cenário idílico existe uma comunidade de costumes arraigados e até mesmo hostil. Diante do desconhecido, medos, inseguranças e traumas invadem sua mente, forçando Sam a embarcar em uma jornada que parece misturar realidade e fantasia.

"O Sam tem muita dificuldade de distinguir o que é real naquela ilha. Ele está em uma confusão psicológica, como uma alucinação, e o espectador mergulha nessa turbulência interna que ele vive", diz Katherine Waterston, parceria de cena de Law, por videoconferência. "Além disso, há também elementos de suspense e terror inegáveis na história, o que a deixa bem interessante. Mas no fim o que importa são os sentimentos de Sam, a maneira como ele lida com a dor. A série é um estudo disso."

Waterston assume o papel de Jess, personagem central para que Sam processe os traumas e os problemas que o assombram. Ela é seu único vínculo com o continente, já que ela também é uma forasteira, no local apenas de passagem. "Ela é como uma ponte, que tem - metaforicamente, é claro - um pé na ilha e outro no continente. Ela não é de lá, mas tem certa familiaridade com aquele local. Então ela está lá para que Sam saiba que há alguém em quem confiar em um lugar desconhecido e assustador para ele", diz a atriz.

"Eu precisei criar uma personagem que fosse pé no chão e acolhedora. Quando você está num papel coadjuvante, você tem a responsabilidade de não fazer os protagonistas parecerem idiotas", brinca a atriz. "Então era importante pra mim que o ponto de vista da Jess em relação à ilha fosse honesto, positivo e sem artimanhas."

Além de ser o porto seguro de de Jude Law naquela ilha, Waterston também é seu ponto em comum com outra protagonista da minissérie. Com seis episódios, a trama é dividida em duas partes, Verão e Inverno. Na segunda, quem guia a trama é Helen, personagem de Naomie Harris que também visita o local, em um momento diferente. Junto com Emily Watson, Waterston é um rosto onipresente naquelas duas histórias. Apesar de não serem as protagonistas, elas têm o dobro de episódios de The Third Day no currículo quando comparadas a Law e Harris.

Waterston retorna à TV depois de sete anos de Boardwalk Empire, série, também da HBO, na qual teve uma participação. Mas a passagem pela telinha vai ser breve e seus próximos trabalhos estão no cinema. O mais aguardado deles é a terceira incursão no universo de Animais Fantásticos e Onde Habitam, derivado da franquia Harry Potter. A nova trama vai se passar no Rio de Janeiro dos anos 1920 ou 1930. Mas, para a frustração dos cariocas, eles não devem ver Waterston passeando com trajes de bruxa pelo calçadão de Copacabana.

"Eu acho que provavelmente você sabe tanto quanto eu sobre esse filme. E se eu soubesse mais eu nunca admitiria", brinca ela, sobre a produção sigilosa do novo longa. "Mas eu acho que nós já sabemos a resposta para essa pergunta em 2020", diz sobre a possibilidade de vir ao Brasil gravar suas cenas. "A Covid-19 acabou com esse misto de glamour e decadência das viagens, isso ficou no passado. O triste é que eu provavelmente não vou ao Brasil, mas por outro lado nossa produção vai ser mais ecológica por filmar tudo em um só lugar. Então é isso, até onde sei, todo o filme vai ser gravado em um estúdio na Inglaterra - e eu fico bem triste por isso", lamenta.

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